Cirurgia de vesícula sem cortes?

Cirurgia de vesícula sem cortes? Agora a videolaparoscopia, que já era pouco invasiva e deixava cicatrizes pequenas, pode ser feita sem nenhum corte aparente, com excelente resultado estético.

Nova técnica para cirurgia de vesícula não deixa cicatrizes e é menos invasiva.

Algumas novas técnicas para cirurgia de vesícula chegaram para revolucionar a cirurgia laparoscópica e beneficiar pacientes.

Conhecidas como Notes (Natural Orifice Translumenal Endoscopic Surgery – Cirurgia Endoscópica Transluminal por Orifícios Naturais) ou Cirurgia por Orifícios Naturais, e outra denominada cirurgia por incisão única (single incision), são utilizados instrumentos especiais e não é necessário fazer cortes externos.

No caso da cirurgia por incisão única, trata-se de um procedimento diferente da videolaparoscopia tradicional, em que são feitos 3 a 4 pequenos cortes no abdome; neste caso, uma micro-câmera é inserida por um único orifício, o umbigo, sem outros cortes, e através da utilização de materiais especiais, retira-se a vesícula doente por um único corte que fica dentro do umbigo, causando menor trauma, e o melhor, sem cicatriz aparente. Além de não deixar cicatrizes, que muitas vezes causam constrangimento e, até mesmo, problemas psicológicos para o paciente, a técnica permite que a pessoa tenha alta um dia após o procedimento e retorne às suas atividades em poucos dias.

A nova técnica vem sendo procurada especialmente por mulheres, por conta de não deixar marcas no corpo após o processo cirúrgico, que acabam atrapalhando o uso de biquínis, mini-blusas e tops. Os pontos são internos e absorvidos pelo próprio organismo e, depois de algum tempo, a pequena marca dentro do umbigo já estará quase imperceptível.

Cerca de 20% das famílias ao redor do mundo tem problema na vesícula biliar, conhecido como vesícula preguiçosa. Nesses indivíduos, a vesícula biliar não se contrai por muito tempo, o que acaba por reter a bile que advém do fígado. Assim, ocorre um processo de desidratação, concentração e finalmente a bile começa a empedrar.

E assim se formam as pedras na vesícula, que geram sintomas como náuseas após as refeições, especialmente as gordurosas, e às vezes cólicas do lado direito do abdome, embaixo da costela.

Mas o problema pode se complicar quando ocorre a migração destes cálculos. Se um cálculo se dirigir para a área saída da vesícula, denominada ducto cístico, acontece o entupimento da vesícula e, então, o órgão se contrai, numa tentativa de se desobstruir. Quando chega nesse estágio, o paciente sente uma dor intensa do lado direito do abdome, que pode se irradiar para as costas e também apresentar vômitos.

Nos casos mais graves, há um encaixe da pedra no ducto cístico, de maneira que a pedra não pode voltar espontaneamente. Aí, a vesícula entre em sofrimento, podendo levar à infecção.

Em outros casos, as pedras vão da vesícula para o canal do fígado (coledoco), provocando um entupimento e prejudicando a drenagem de bile pelo fígado, que não é escoado para o duodeno, como deveria ser. Ocorrem cólicas e a bile represada no fígado é absorvida pelo o sangue, ocasionando a icterícia (coloração amarelada do paciente). Esse problema é chamado de coledocolitíase.

Já quando a pedra da vesícula entope o coledoco pode acontecer também a obstrução do canal do pâncreas, gerando a pancreatite aguda.

Todas essas complicações, apesar de serem pouco freqüentes, são consideradas muito sérias, têm início repentino e podem até mesmo provocar a morte do paciente.

Portanto, é importante ficar atento aos sinais iniciais dos problemas na vesícula, e com a nova técnica, a cirurgia já não é tão assustadora assim.

Essa nova técnica pode ser utilizada também para outras cirurgias laparoscópicas, como coreção de hérnias, cirurgias ginecológicas (cisto de ovário, mioma, endometriose)e até pequenos tumores do intestino, estômago ou fígado.

Texto: Fernanda Bueno (fbuenocomunicacoes@uol.com.br)