Primeira consulta
por Malu Echeverria
O primeiro passeio do bebê é visitar o pediatra. O programa, que se tornará freqüente nos próximos 12 meses, é imprescindível para checar como vão a saúde e o desenvolvimento do seu filho. Na primeira consulta, caso o profissional escolhido pela família não tenha acompanhado o parto, é hora de médico e paciente se conhecerem melhor. Por isso, a visita dura, em média, uma hora e meia, um pouco mais do que as próximas. As mães de gêmeos vão gastar mais tempo, já que o exame é duplo. "Cada bebê é um paciente diferente. Não é porque são iguais que o diagnóstico é o mesmo", diz o pediatra Glaucio José Granja de Abreu.
Antes de examinar o novo paciente, parte da consulta é reservada a um longo bate-papo com os pais, o qual tem o objetivo de orientar e esclarecer dúvidas. Essa troca de informações é uma oportunidade para o médico tomar conhecimento da vida da família, como hábitos e histórico de doenças, colhendo dados importantes para avaliar o bebê. Por isso, ainda que seja trabalhoso conciliar as agendas, os pediatras aconselham que o pai também esteja presente na consulta.
Informações simples, como o número de filhos do casal, em que lugar o bebê dorme ou se a mãe já sofreu algum aborto anteriormente, podem parecer irrelevantes, mas são de extrema importância para o bem-estar do recém-nascido. Tânia Shimoda, pediatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, justifica a "intromissão". "Se a criança tiver irmãos, por exemplo, é provável que a mãe seja menos ansiosa por causa da experiência, o que influencia o comportamento do bebê."
Convém anotar as dúvidas na agenda entre os intervalos das visitas. Preparar essa lista garante que você volte para casa com todas as perguntas respondidas. "Uma mãe bem informada deixa o consultório confiante. Assim, não fica à mercê de crendices populares ou conceitos ultrapassados, como a mania de dar chá ao bebê que é amamentado no peito", assegura o pediatra Granja de Abreu.
Dia certo
Marque o "compromisso" tão logo deixar a maternidade. "O ideal é que a primeira consulta seja feita entre o 7o e o 10o dia de vida do bebê", diz o pediatra Hamilton Robledo, do Hospital e Maternidade São Camilo, em São Paulo. Júlia, de 2 meses, foi ao pediatra 15 dias após o nascimento. Durante uma hora de consulta, a mãe, a dona de casa Fátima Prado Menotti, aproveitou para perguntar tudo: do umbigo às crises de ciúme da filha mais velha, Amanda, de 5 anos. O que mais preocupava Fátima, no entanto, era a amamentação. "Não tinha certeza de que ela estava mamando corretamente", conta. A balança, porém, mostrou que Júlia aumentara de peso dentro do esperado, uma prova de que estava se alimentando bem. Fátima voltou para casa mais tranqüila.
"Ainda na maternidade, a criança perde até 10% do peso, recuperando-o em dez dias", explica Granja de Abreu. Segundo o especialista, nos três meses seguintes, o recém-nascido engorda, em média, 30 gramas por dia. Mas não são apenas as medidas de peso e altura do bebê que mostram que ele está crescendo direito. A "inspeção" da primeira consulta, que vai se tornar rotina, é completa: tamanho da cabeça, olhos, ouvidos, coração, órgãos genitais, articulações, formato do abdome e os reflexos, como a sucção.
A análise dos reflexos avalia a parte neurológica. "Caso o pediatra observe algo diferente do que seja considerado normal para a idade, pode indicar uma avaliação mais detalhada", diz a neonatologista Alice Deutsch, coordenadora médica da Unidade Neonatal do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Ficha completa
Os pais devem levar para a primeira consulta os documentos que informam o histórico do bebê, como os testes feitos na maternidade. Se possível, é bom ter em mãos também os exames da gestação. "É importante para o pediatra verificar alguma intercorrência na gravidez que possa influenciar a saúde da criança", afirma Granja de Abreu.
Na segunda parte da consulta, em que se faz a avaliação física, não se assuste com o "estica-e-puxa" ao qual seu filho será submetido. Faz parte da brincadeira. "Os pais ficam um tanto aflitos, mas ao observar o pediatra mexendo no bebê com firmeza, também percebem que o filho não é tão frágil", diz o pediatra Robledo, do São Camilo.
É provável, ainda, que a criança sinta frio ao ser despida, abrindo o berreiro durante o exame. Com o coração apertado, as mães sofrem, mas não devem interferir. Choro também é sinal de vitalidade.
Estica-e-puxa |
Fique por dentro de alguns exames feitos no bebê |
Manobra de Ortolani Flexionando as perninhas e torcendo o quadril do bebê, o médico verifica as articulações. Assim, percebe malformações, como as luxações congênitas. |
Cabeça O pediatra toca levemente as partes superior e inferior da cabeça do bebê para examinar as fontanelas, mais conhecidas como moleiras. O exame é complementado com a medida do perímetro do crânio, que é importante para checar alterações causadas por hidrocefalia. |
Preensões palmar e plantar Involuntariamente, o bebê agarra o dedo da mãe com força. O reflexo acontece também nos pés. Ambos desaparecem, respectivamente, no terceiro e no oitavo mês. |
Batimentos cardíacos Com o estetoscópio, o pediatra escuta o coraçãozinho do recém-nascido, que você provavelmente já ouviu durante o pré-natal. Ele bate num ritmo acelerado, de 120 a 160 batidas por minuto. Com o mesmo aparelho, o médico ouve também a respiração do bebê para checar os pulmões. |
Marcha reflexa De pé, com apoio nas axilas, o bebê ergue uma perna como se estivesse marchando. As mães adoram. Mas não se devem iludir, é puro reflexo e some por volta do primeiro mês. |
Reflexo de Moro O bebê joga a cabeça para trás, estica as pernas, abre e fecha os braços. Em geral, isso acontece quando ele se assusta. |